segunda-feira, 27 de agosto de 2012

90 anos do rádio no Brasil criando imagens através do som

Sete de setembro de 1922. A cidade do Rio de Janeiro está em festa pela comemoração do I Centenário da Independência do Brasil. Como parte das festividades, há uma feira internacional, onde empresários americanos traziam a novidade da radiodifusão que, nessa época, era a grande evolução da comunicação de massa nos Estados Unidos. Para demonstrar na prática a novidade aos brasileiros, a Westinghouse Electric, junto com a Companhia Telefônica Brasileira, instala uma estação de 500 W no alto do Corcovado, para irradiar as comemorações do Centenário da Independência para os cerca de 80 aparelhos de rádio importados colocados estrategicamente em vários pontos da cidade. Da Exposição do Centenário da Independência, na Esplanada do Castelo, o presidente Epitácio Pessoa discursou e, logo após, os acordes da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, ecoaram pela cidade em festa direto do Teatro Municipal. O cientista, professor e que posteriormente se tornaria o ‘pai’ do rádio no Brasil ao implantar em primeira emissora, 1923, Edgar Roquette-Pinto logo profetiza: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo". A população ficou espantada. Como um pequeno aparelho, sem fios, poderia reproduzir a voz humana? Mas a qualidade ruim do áudio gerado pelos auto falantes misturado com o barulho da rua não fizeram as pessoas se interessar pelo conteúdo que era transmitido. Mas foi o ponta pé inicial para uma revolução da comunicação de massa no Brasil. Quanto a primeira emissora no país, oficialmente temos a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Roquette-Pinto em 1923, mas os pernambucanos reivindicam esse pioneirismo, com a Radio Clube de Pernambuco, que teria iniciado suas transmissões em 6 de abril de 1919. Segundo o radialista e pesquisador Luiz Carlos Saroldi, as experiências de transmissão dos jovens pernambucanos se tratavam de recepção radiotelefônica e não radiofônica, ou seja, o objetivo era difundir a telegrafia. A Rádio Clube de Pernambuco só veio a funcionar como emissora de radiodifusão em outubro de 1923, seis meses depois da inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O rádio revolucionou a comunicação do Brasil. Com seus programas de entretenimento, jornalísticos, esportivos e não demorou muito para se tornar um meio de persuasão por parte de muitos governantes. Acima de tudo o rádio é companheiro, íntimo.... coisa que a televisão nunca conseguiu substituir. E como bem disse o cronista paraibano Mica Guimarães: “O rádio é ágil, tem ginga. Faz do conduto auditivo passarela, espécie de avenida do samba, e sai, por aí, fazendo evoluções, sapateando por sobre tímpanos, bigornas e martelos. O povo rasga a erudição e passeia de mãos dadas com as ondas do rádio. O rádio é cheio de onda, por isso se deita tranquilo nas praias da comunicação, margeando com simplicidade um mar de informações. É o verdadeiro banho”. Vida longa ao rádio brasileiro! Juliana Almeida - Jornalista