Finalizando
a minha saga para entender a filosofia de Byung-Chul Han, termino a leitura do
seu terceiro livro “A Sociedade da Transparência”. Comecei a mergulhar no seu universo
pelo livro “A Agonia de Eros” e depois fui para “Sociedade Cansada”. Han é,
como todo filósofo, observador atento e problematiza seu tempo. Pontua elementos
que vem transformando significativamente a sociedade e não apenas por causa da
revolução digital.
Ele
analisa, nesse livro, o que chama de ‘tempo transparente’, um tempo destituído de
destino e de todo o conhecimento. Uma realidade desembaçada, sem mistério e
negatividade que torna-se pornográfica. O dinheiro torna tudo comprável e a sociedade
do consumo torna tudo “um inferno do igual”.
Han
é um grande crítico dessa busca por transparência, operacionalidade que
destitui qualquer tipo de ambivalência. O autor cita Richard Sennett para caracterizar
a sociedade que necessita de papeis a serem executados. Uma representação tão
necessária para a vida pública. A sociedade positiva não admite sentimentos
negativos. O amor, por exemplo, é domesticado e positivado como fórmula de
consumo e conforto.
Na
sociedade exposta, cada sujeito se torna seu próprio objeto de publicidade. O
valor da exposição é a medida de tudo, “tudo é entregue, nu, sem segredo, à
devoração imediata”. Todos os rituais são eliminados porque se tornam um
obstáculo à aceleração dos ciclos de informação, da comunicação e da produção.
Claro que as redes digitais servem de análise para essa aceleração e evidência
narcísica. Han cita, “Os social media
e os motores de busca personalizados erigem na rede um espaço próximo absoluto,
do qual o fora foi eliminado. É um espaço onde nos encontramos somente a nós
mesmos e aos que se assemelham a nós. Não há qualquer negatividade que torne
uma mudança possível. Esta proximidade não
apresenta ao participante senão essas secções do mundo a seu gosto. Desse modo,
desintegra a esfera pública, a consciência pública, crítica, e privatiza o
mundo. A rede transforma-se numa esfera íntima, ou numa zona de bem-estar. A
proximidade, da qual toda a distância do longe foi eliminada, é também uma
forma de expressão da transparência.”
Portanto,
a hiperconectividade e a hiperinformação não traz mais luz e liberdade, muito
pelo contrário, vivemos um outro tipo de panóptico. Nenhum muro separa dentro e
fora mas, a vigilância se torna diferenciada. Não mais há um “ataque à
liberdade”, hoje voluntariamente cada um se entrega ao olhar panóptico. Somos algozes
e vítimas. É a dialética do presente.
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