Já ouvi de muitos
especialistas que desenvolvimento econômico e progresso social nem sempre andam
juntos. Confesso que tenho pensado muito nisso já que, em tese, um deveria servir
de suporte para o outro. Nas leituras que tenho feito sobre o assunto, tenho me
deparado com reflexões importantes sobre o futuro e como o modelo de
desenvolvimento ‘mensurável’ é um dos responsáveis por tantas crises no mundo
contemporâneo.
Edgar Morin, no seu livro
“Rumo ao abismo? Ensaio sobre o destino
da humanidade” nos dá um panorama para pensar – e muito – no que temos hoje.
Há um grande perigo que nos ronda: os desenvolvimentos da ciência, da técnica,
da indústria e da economia não são regulados pela ética. Isso traz mais problemas
do que imaginamos. Morin é muito categórico ao dizer que temos que mudar o
rumo, efetuar um novo começo: “A porta para o improvável está aberta, mesmo se
atualmente o crescimento do caos torna-lo inconcebível”.
É importante destacar
aspectos da modernidade que são antagônicos e complementares. Por exemplo, temos
uma ciência contemporânea que depende da verificação, mas, sobretudo, do conflito
de ideias. Falamos em globalização, mas há fenômenos dialéticos onde o local se
torna preponderante e há rejeição dessa hegemonia ocidental.
O humanismo moderno é
fruto de uma simbiose entre a ideia grega de indivíduos depositários de razão e
à concepção cristã de um homem à imagem de um Deus bíblico. O individualismo é
uma característica chave. Morin, ainda nos provoca ao determinar que a
modernidade se manifesta por meio de três grandes mitos: do domínio universal, do
progresso e da felicidade.
Sabe porque a felicidade
está em crise? Porque hoje há uma compreensão de que o resultado positivo da
felicidade e os subprodutos negativos aparecem na mesma intensidade: fadiga,
abuso de psicotrópicos, drogas...etc. O individualismo também gera solidão,
tristeza. O desenvolvimento poderia trazer segurança, mas, na verdade, não
elimina riscos e ainda produz novos.
Mas o que fazer então?
Morin, diz que temos a emergência de uma sociedade – mundo onde esse
desenvolvimento que não leva em consideração a vida, o sofrimento, a alegria, o
amor, não tem espaço. Precisamos de uma política que tenha a missão mais
urgente de solidarizar o planeta.
O vencedor do Prêmio
Nobel da Paz, em 2005, Mohamed Elbaradei, também nos dá um alerta para a necessidade
urgente de mudar os paradigmas de desenvolvimento. No seu livro “A era da ilusão: a diplomacia nuclear em
tempos traiçoeiros”, tenta abrir os olhos da humanidade para a insanidade
que rege as ameaças nucleares. “Na era da globalização, é mais evidente do que
nunca que essas inseguranças são ameaças sem fronteiras.”
Sim.... em que mundo
estamos vivendo e, o pior, que futuro estamos construindo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário