Fernando Pessoa no alto de sua genialidade nos deixou as palavras mais impactantes que já li:
"Não sei sentir, não sei ser humano,
não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens,
meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido,
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vive-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos,
Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as sacadas
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."
Falar metaforicamente, de coisas que não vemos, apenas sentimos como algo que penetra na carne de forma tão física. Sermos demasiadamente humanos nos coloca em um cárcere imaginário onde a fuga nem sempre é o melhor caminho...
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