quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Rádio UFS ganha Prêmio Setransp de Jornalismo

 


Em solenidade realizada no hotel Quality, em Aracaju, jornalistas de Sergipe se reuniram para a V edição do Prêmio Setransp de Jornalismo. Esse ano, o tema foi ‘A relevância do transporte público no acesso aos demais serviços essenciais’. A ideia foi ressaltar o papel social e econômico do transporte, democratizando a locomoção das pessoas, já que, por meio dele, os cidadãos exercitam o direito de ir e vir.

A reportagem vencedora foi produzida pela jornalista Juliana Almeida, contou com a colaboração do coordenador de jornalismo da emissora, Ewertton Nunes e trouxe uma discussão sobre o sistema de transporte público da grande Aracaju e uma descrição sobre o Transmilênio, que revolucionou a mobilidade urbana na Colômbia. “É importante chamarmos a atenção para os problemas que temos aqui e procurar inciativas que deram certo. Feliz demais por ter o trabalho feito com muita dedicação reconhecido”, ressalta Juliana Almeida.

Para o coordenador de jornalismo da emissora, Ewertton Nunes, esse prêmio mostra o amadurecimento do trabalho desenvolvido pela equipe de jornalismo. “É uma prova de que a nossa emissora é comprometida com a qualidade, tem preocupação social. Esse tema é de extrema importância e a gente está contribuindo para essa discussão. Esse prêmio é mais uma prova de que a Rádio UFS FM está no caminho certo de fazer comunicação com compromisso social”, disse.
Esse é o sexto prêmio de Jornalismo que a emissora recebe. A Rádio UFS já recebeu três vezes o Prêmio BNB de Jornalismo e foi duas vezes vencedora estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo.


O Prêmio Setransp de Jornalismo é uma realização do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), com a parceria do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor)

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Há 77 anos os alienígenas invadiram o rádio e mudaram o curso da história da comunicação

30 de outubro de 1938. Véspera do Halloween. Tinha tudo para ser um dia normal na rede de rádio CBS (Columbia Broadcasting System). De repente a programação é interrompida para que um repórter, em pânico, anunciasse que extraterrestes estavam invadindo a Terra. "A invasão dos marcianos" durou apenas uma hora, mas marcou definitivamente a história do rádio.
Tudo foi uma dramatização do livro de ficção científica ‘A Guerra dos Mundos’, do escritor inglês Herbert George Wells, o programa trouxe de uma forma muito realística a chegada de centenas de marcianos a bordo de naves extraterrestres à cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey. 


Os louros da genial adaptação, produção e direção da peça eram do então jovem e quase desconhecido ator e diretor de cinema norte-americano Orson Welles. O jornal Daily News resumiu na manchete do dia seguinte a reação ao programa: "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos".

Era o 17º programa da série que, semanalmente, fazia adaptações de peças para o Radioteatro Mercury. Certamente Orson Welles não imaginaria que aquele dia mudaria a forma como o rádio é ouvido e a sua própria vida enquanto artista.

A CBS anunciou que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas. O pior!! Das quais metade o sintonizou quando a hisptoria havia começado, perdendo a explicação inicial que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real. Meio milhão de pessoas teve certeza de que a invasão era real. Pânico total de milhares de pessoas apavoradas tentando fugir do perigo.

O medo paralisou três cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores também em Newark e Nova York. 

Isso é rádio. Soundscape que dispensa imagens. É por isso que sua vida será longa....Viva o ‘rádio do pânico’ 77 anos depois.

(Juliana Almeida)

domingo, 18 de outubro de 2015

Dos livros necessários: 'Além do bem e do mal'


Há anos tento ler Friedrich Nietzsche. Ainda na adolescência cheguei a ler duas biografias mas, nunca me senti inteligente o suficiente para chegar aos seus livros… a essência da sua corrosiva filosofia. Em momentos rebeldes, ainda passeei por “Anticristo: a maldição do cristianismo” mas não conseguia entender as entranhas da sua linguagem.
Eis que no doutorado me deparo com “Além do bem e do mal”. Precisava dar uma aula na disciplina de um professor-sociológo-filosófo alemão…. Sim! Iria falar para um conterrâneo de Nietzsche. Mergulhei em seu mundo. Confesso que saí bem diferente. Ninguém lê o texto de Nietzsche e sai do mesmo jeito que começou.
'Além do Bem e do Mal' é uma obra inesgotável. Nietzsche o permeia de razão mas, sobretudo, de emoção ao provocar nos leitores profunda imersão em suas reflexões muitas vezes ácidas, muitas vezes poéticas. É quase impossível ler Nietzsche e ficar à margem dele.
Um dos temas principais do livro é uma crítica à precariedade cultural e espiritual do seu tempo. Ele afirma a necessidade de que, no eterno retorno da vida e da história humana, os homens se ergam, aceitando a própria finitude, ultrapassando a própria condição e vivendo soberanamente no gozo e na dor da própria verdade. Começa o livro fazendo uma reflexão sobre a verdade, ou melhor, a vontade da verdade já que é preciso questionar o valor dessa vontade. Assim, faz uma crítica à crença fundamental da metafísica na oposição de valores, na medida em que, a verdade é ofuscada pela aparência, à vontade do engano, ao egoísmo e a cobiça. Os juízos mais falsos são indispensáveis: renunciar a esses juízos é renunciar a vida. A filosofia que se atreve a enfrentá-lo está além do bem e do mal.
Nietzsche faz uma severa crítica aos estoicos na perspectiva destes de viver conforme a natureza. Na verdade viver é absolutamente o oposto disso. Viver é avaliar, preferir, ser injusto, ser limitado e querer ser diferente. A filosofia é um impulso tirânico, a mais espiritual vontade de poder (capacidade, autoridade, domínio) – toda força propulsora. Assim, a própria vida é a vontade de poder.
Nietzsche diz que o homem vive acomodado em um mundo simplificado e falso. É nesse terreno de ignorância que a ciência estabelece a vontade de saber sobre a base de uma vontade mais forte: a vontade de não saber. A ciência busca prender a esse mundo simplificado, completamente fabricado. Assim, todo homem seleto procura se salvar da multidão, onde possa esquecer a regra homem enquanto exceção a ela, toda companhia é má, exceto a companhia dos iguais.
Com relação às virtudes, Nietzsche diz que o que é alimento para um homem superior deve ser quase veneno para um tipo menor. As virtudes de um homem vulgar talvez significassem fraqueza e vício num filósofo. Um homem de alta linhagem, se degenerar ou sucumbir, adquire qualidades que o levariam a ser venerado como um santo, não se deve frequentar igrejas quando se deseja respirar ar puro. Só a 'vontade de poder' que obriga ao homem se deter na frente do santo, ou seja, interrogá-lo.
No último capítulo do livro, Nietzsche faz a pergunta: o que é nobre? Nesse momento ele vai melhor descrever sua concepção sobre a moral dos senhores e a moral dos escravos. Portanto, a moral dos senhores, entre outras características, é originada dentro de uma espécie dominante. Despreza os seres que divergem dos estados de elevação e orgulho. A oposição entre 'bom' e 'ruim' é 'nobre' e 'desprezível'. Despreza-se o covarde, o medroso, o mesquinho – não é a moral das 'ideias modernas'.
Ele quis libertar o homem…. para isso, nos dá todas as direções do tortuoso caminho:

É preciso testar a si mesmo, dar-se provas de ser destinado à independência e ao mando; e é preciso fazê-lo no tempo justo. Não se deve fugir às provas, embora sejam porventura o jogo mais perigoso que se pode jogar e, em última instância, provas de que nós mesmos somos as testemunhas e os únicos juízes. Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida – toda pessoa é uma prisão, e também um canto. Não se prender a uma pátria: seja ela a mais sofredora e necessitada – menos difícil é desatar de uma pátria vitoriosa o coração. Não se prender a uma compaixão: ainda que se dirija a homens superiores, cujo martírio e desamparo o acaso nos permitiu vislumbrar. Não se prender a uma ciência: ainda que nos tente com os mais preciosos achados, guardados especialmente para nós. Não se prender a seu próprio desligamento, ao voluptuoso abandono e afastamento do pássaro que ganha sempre mais altura, para ver mais e mais coisas abaixo de si: - o perigo daquele que voa. Não nos prendermos às próprias virtudes e nos tornarmos, enquanto todo, vítimas de uma nossa particularidade, por exemplo, de nossa hospitalidade: o perigo por excelência para as almas ricas e superiores, que tratam a si mesmas prodigamente, quase com indiferença, exercitando a liberdade ao ponto de torná-la um vício. É preciso saber preservar-se: a mais dura prova de independência” (Friedrich Nietzsche)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Versos em pessoa



Ando de mãos dadas com Fernando Pessoa…. tem sido meu companheiro de vida. Sua poesia tem algo de visceral, inexplicável e relutante. Não a sinto como os frios críticos que procuram uma razão estética para a sua existência. Suas palavras são tão geniais como a forma com que ele deu vida aos seus heterônimos. Com tantos 'eu's' em apenas um, me identifico com Alberto Caeiro que surge de uma espécie de bestiário medieval. Sim! Ele nunca guardou rebanhos…. mas era como se os guardasse.

Sinto que nossas almas são realmente como pastores que conhecem o vento e o sol…. à doce brisa e a furiosa tempestade. É, meu poeta, realmente pensar incomoda como andar na chuva. Mas a chuva só incomoda se você luta contra ela. Só incomoda se você não sabe cantar junto dela. Já que para você, ser poeta era sua maneira de está sozinho…. para mim, sua poesia é uma maneira de nunca me sentir sozinha. Sim! eu também nunca guardei rebanhos, mas era como se os guardasse. 

domingo, 4 de outubro de 2015

A balada do tempo

A persistência da memória - Salvador Dalí

Entre uma garrafa de whisky e outro casamento, o meu amado poetinha Vinícius de Moraes disse que “com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia”. Isso ratifica que nem na vida, nem na arte fugimos das lições do tempo. É interessante que na filosofia o tempo é questionado desde os gregos: Platão, Aristóteles, os pensadores estóicos…. todos procuravam um sentido para esse ordenador da vida, criando questionamentos metafísicos e racionais sobre sua existência.

Caminhando na história encontramos Kant (1724-1804) que vê o tempo, apesar de ser essencial como parte da nossa experiência, destituído de realidade: "tempo não é algo objetivo. Não é uma substância, nem um acidente, nem uma relação, mas uma condição subjetiva, necessariamente devida à natureza da mente humana”.
O tempo é também uma grandeza física complexa. Isaac Newton disse que a passagem do tempo era absoluta, sem diferenciação para dois observadores em referenciais diferentes. Em 1905, Albert Einstein causa alvoroço ao questionar a existência de um referencial absoluto para a medida do tempo, tornando-o relativo ao observador.

No meio desse furacão das relações mediadas pela internet, o sociólogo Manuel Castells, traz na sua teoria o 'tempo intemporal', ou seja, as sociedades contemporâneas ainda estão em grande parte dominadas pelo conceito do tempo cronológico, mas esse tempo linear, irreversível, mensurável e previsível está sendo fragmentado na sociedade em rede. É possível 'fragmentar' o tempo, relativizar, dar outro sentido?

Enquanto teorizam, interrogam, representam - com todas as subjetividades que lhe são próprias – o tempo nos mantém prisioneiros da sua essência. Até porque nem na natureza, nem na vida temos garantias de dias claros e noites suaves para seguir navegando. 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Longe da poeira do tempo

- Renantique em 2010 -
 
 
Ao longo da história a humanidade sempre procurou formas de expressar não só sua criatividade, mas registrar através da arte a dinâmica da vida...seus amores, dores, cotidianos e, principalmente, sua fé. Na música temos as manifestações mais antigas. Muito pouco chegou até nós dos gregos, por exemplo, mas a partir da Idade Média temos um grande acervo de compositores europeus que retrataram as mais diversas situações na cultura ocidental: sim, são melodias que venceram a barreira do tempo e chegam a nós demonstrando toda a pujança e desenvolvimento da música através dos séculos e sua influência nas mais diversas culturas. Toda a beleza dos bestiários e cancioneiros medievais através dos poetas-músicos troubadours e trouvères, do Carmina Burana com suas canções revolucionárias dos monges errantes da Idade Média, as cantigas de Santa Maria de louvor e milagre do rei Afonso X, a riqueza libertária e polifônica das canções renascentistas e a criatividade sem limite da música sacra e profana, são exemplos do que podemos hoje apreciar.
Em Sergipe, na pequena terra dos cajus, temos a oportunidade de conhecer um pouco desse vasto universo da música antiga, produção musical da Idade Média e da Renascença. Um trabalho de intensa dedicação e estudo é feito pelo Conjunto de Música Antiga Renantique há 19 anos nas salas de concertos, teatros, igrejas e centros culturais. O grupo nasceu a partir de um quarteto de flauta doce no Centro de Criatividade, chamado Saltarello, em 1995. O fundador e diretor artístico do Renantique, Emmanuel Vasconcellos, lidera o trabalho de resgate e, acima de tudo, de estudo dos instrumentos e formas de execução das canções na perspectiva de fidelizar a interpretação, “o Renantique tem uma estrutura BrokenConsort renascentista, em que são combinados vários instrumentos da Idade Média e da renascença, unidos as vozes (soprano, tenor, contratenor, alto, baixo – barítono) para juntos executarem o melhor da musicalidade”, destaca.
A internet facilitou muito o trabalho de pesquisa do grupo. Alguns instrumentos e partituras foram comprados na Inglaterra a exemplo do cromorno (tipo de instrumento de sopro muito popular na renascença). Outros foram construídos aqui em Sergipe baseados em plantas da época, como é o caso da viola de gamba, construída pelo luthier Passos, do município de São Cristóvão, e o Alaúde por Joaquim Pinheiro (in memorian), do Rio de Janeiro. Mas não bastavam os instrumentos e as partituras, a necessidade de estudar o período fez com que o grupo participasse de muitos eventos sobre música antiga pelo país. No ano passado em Olinda – Pernambuco, Emmanuel Vasconcellos teve a oportunidade de conhecer o ‘papa’ da música antiga, o gambista, regente e compositor catalão JordiSavall, “foi fantástica a maneira como ele abordou a relação da música do oriente e ocidente. Foi um sonho realizado”, disse. De sonho e muita resistência sobrevive o Conjunto de Música Antiga Renantique. É um dos únicos grupos no Brasil que não tem ligação com escolas de música ou universidades. Um trabalho totalmente independente construído ao longo dos anos fidelizando plateias ao descortinar nos seus concertos a diversidade da música antiga e até sua influência na música brasileira.
Todo ano há o grande concerto de aniversário onde um programa específico é trabalhado. No ano passado o tema escolhido foi Amor & Guerra com canções e danças do século XII ao XVI. Canções embaladas pelo entusiasmo das guerras religiosas – as Cruzadas – e pelas façanhas incríveis dos cavaleiros além de retratarem o cotidiano. Há 5 anos, a bailarina e jornalista Natália Vasconcellos desenvolve um trabalho que trouxe a dança para aliar à música executada pelo Renantique. Inspirada pelo tratado Orchesography, em forma de diálogo sobre as danças camponesas e de corte do século XVI, de Thoinot Arbeau, Natália traduziu o documento decifrando os passos das pavanes, gaillards, bransles, bass dances, voltas, tourdions, entre outras danças e criou o Terpsícore Danças Antigas. O grupo é formado por César Leite, Estêvão Andrantos, Helena Feitosa, Ana Mércia e Sara Moares. O vestuário do grupo também é resultado de muita pesquisa histórica. O Conjunto de Música Antiga Renantique participa de alguns projetos como o ‘Patrimônio em Concerto’ que possibilita levar apresentações para todo Sergipe.
O grupo faz uma média de 30 concertos por ano, mas convive com a dificuldade de ter um trabalho independente e com poucos apoios. Para Emmanuel, o Renantique hoje ‘rema contra a maré’ e há um custo alto para a manutenção dos instrumentos que são bastante delicados e necessitam de cuidados especiais, “alguns concertos e projetos que fazemos tem patrocínio, outros não, mas sempre temos que ter dinheiro em caixa para a manutenção dos instrumentos e compra de partituras”, ressaltou. Muitos integrantes passaram pelo grupo nesses 19 anos. Alguns músicos amadores e todos amantes da música antiga. Do início de tudo fica a lembrança do soprano Adélia Vieira, falecida em 2002, que fez as primeiras apresentações com o grupo. Hoje o Renantique é composto por Emmanuel Vasconcellos (diretor artístico, alaúde renascentista, violas de gamba e viela de arco), Antônio Chagas (flautas-doce, cornamusa, cromornos, saltério de dedo, viola de gamba e percussão), Ednei Arnon (voz tenor, flautas-doce e percussão), Gustavo Adolfo (rabeca medieval e viola de gamba), Marcela Porto (voz soprano e percussão), Pedro Ribeiro (viola de gamba, flautas-doce e percussão) e Samuel Lucas (flautas-doce). Em 2016, quando o grupo completa 20 anos, um programa especial já está sendo elaborado: homenagens ao escritor espanhol Miguel de Cervantes e ao dramaturgo inglês Willian Shakespeare. “Em 2016 esses dois ícones da cultura ocidental fazem 400 anos de morte e com o Terpsícore Danças Antigas vamos montar algumas esquetes, dramatizar algumas cenas baseadas em canções originais do teatro de Shakespeare”, enfatiza Emmanuel. E assim o Conjunto de Música Antiga Renantique implanta mais uma cultura da resistência em Sergipe.
Sempre renascendo do desejo e amor pela música sacra e profana que formaram a cultura ocidental. Temos assim o privilégio de acompanhar, ou melhor, nos deleitar com um trabalho abnegado, fundamentado no estudo e na dedicação plenas. Vida longa ao Renantique e a essa música que nunca... nunca será empoeirada pelo tempo!

sábado, 29 de agosto de 2015

Rádio UFS vence o Prêmio BNB de Jornalismo 2015

Pelo terceiro ano consecutivo a Rádio UFS FM é vencedora do Prêmio BNB de Jornalismo. A reportagem vencedora foi uma série intitulada “Cultura da resistência no Baixo São Francisco”, produzida pela ex-coordenadora de jornalismo da emissora, Juliana Almeida. A série de reportagens trata sobre as olarias artesanais na cidade de Santana de São Francisco, distante 110 km de Aracaju, e mostra como os artesãos ribeirinhos lutam para manter a tradição centenária. Para Juliana Almeida, é preciso um olhar mais atento para aquela região porque a cerâmica movimenta grande parte da economia local, “o problema de vazão do rio também está trazendo muitos prejuízos porque sem as cheias, o barro fica mais frágil. Eles vivem uma situação difícil”, disse. A reportagem teve a participação do professor da UFS e geólogo Luiz Carlos Fontes que falou sobre a situação preocupante do Rio São Francisco. Esse é o quinto prêmio que a Rádio UFS recebe. Para o coordenador de jornalismo da emissora, Evertton Nunes, isso é uma grande vitória, “mostra o quanto estamos trabalhando sério por um bom jornalismo”, afirmou. A festa de premiação aconteceu na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza, dia 30 de julho.

Rádio UFS ganha prêmio Sebrae de Jornalismo pela segunda vez

Com a série de reportagens intitulada “Indústria Criativa e os empreendedores das emoções” a Rádio UFS FM vence, pelo segundo ano, a etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo. As reportagens foram produzidas pela ex-coordenadora de jornalismo da emissora, Juliana Almeida, e mostram como empreendedores usam a criatividade para emocionar seu clientes. O professor do departamento de Comunicação da UFS, Matheus Felizola, também participa da série. Esse é o quarto prêmio de jornalismo que a Rádio UFS FM recebe. Para Juliana Almeida isso mostra o fortalecimento do departamento de jornalismo da emissora e a qualidade da produção. “É um trabalho conjunto entre profissionais e estudantes para fazer um jornalismo público diferenciado”, disse. A premiação nacional aconteceu no dia 10 de junho de 2015, em Brasília.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Amor e renúncia: a presença da mulher no Cangaço*

Diante do quadro de miséria e conservadorismo que se descortinava no sertão nordestino no início do século XX, as mulheres também eram vítimas. A educação da mulher sertaneja era resumida às habilidades nos trabalhos domésticos e a total obediência ao homem. Muitas eram vítimas da rigidez dos pais e, quando casavam, dos maridos. Acompanhar os cangaceiros se tornava um atrativo porque eles eram considerados heróis pela comunidade sertaneja diante das muitas histórias que cercavam o cangaço. Era um misto de temor e fascínio por essa vida bandoleira sem respeitos às regras e normas vigentes. Até 1930, com a chegada de Maria Bonita no bando de Lampião, não havia mulheres cangaceiras porque os cangaceiros acreditavam que elas trariam discórdia e ciúmes. Alguns, como Corisco, por exemplo, eram casados, mas as mulheres não acompanhavam os maridos. Lampião conheceu Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita, no ano de 1929 na fazenda Malhada de Caiçara, perto do município de Santa Brígida, na Bahia. Ela tinha dezessete anos e era sobrinha de um coiteiro. Casada com o sapateiro José Miguel da Silva, Zé de Neném, ela viva em constantes desentendimentos com o marido. Para o historiador Antônio Amaury Corrêa, Lampião viu pela primeira vez Maria e passou a rodear a casa dos pais da jovem, apaixonou-se e no ano seguinte foi buscá-la para viver com ele. “Estava aberto o precedente. Dali pra frente, os chefes de grupos e muitos cabras passaram a se fazer acompanhar por amantes, amigas e até esposas” . Mais de quarenta mulheres passaram a participar dos bandos. Só da cidade sergipana de Poço Redondo, seis mulheres se tornaram cangaceiras. Mas, nem todas iam por vontade própria. Muitas eram carregadas das suas casas pelos cangaceiros, como Sila (mulher de Zé Sereno) e Dadá (mulher do Corisco). Assim explica o pesquisador Antônio Amaury Corrêa: “A Dadá, quando foi raptada por Corisco, essa sim com menos de treze anos, ela tinha doze anos, Corisco chegou à casa do pai da Dadá, no ano de 1927 e levou Dadá para companhia dele. Só que ele a deixou na casa de uma tia. Dadá ficou durante quatro anos na casa da tia de Corisco e quando Lampião levou Maria para sua companhia, Corisco tirou Dadá da casa da tia e fez com que ela fosse com ele para o bando. Ela conheceu Lampião no dia 24 de abril de 1931. Foi a primeira vez que Dadá viu Lampião e pelas circunstâncias que envolveram a vida dela no cangaço, acabou sendo uma chefe de grupo quando Corisco ficou aleijado dos dois braços”. O pesquisador Jovenildo de Souza afirma que as mulheres deram um colorido especial e mais alegria a vida dos bandoleiros. Até para a dança do xaxado, foi uma revolução. O xaxado era dançado pelos cangaceiros com os seus rifles que eles chamavam: “Minha cara bina!”. Depois que as mulheres entraram, as carabinas foram substituídas por elas e, assim, podiam dançar seus cantos guerreiros. As mulheres tinham grande influência na vida e no comportamento dos cangaceiros, inclusive, segundo os historiadores, Maria Bonita era a única pessoa que conseguia se aproximar de Lampião quando ele estava irado, chegando até a conter sua ira. Havia grande respeito entre os cangaceiros e suas mulheres. A entrada das mulheres no cangaço causou grande mudança no comportamento dos grupos. O senso de liberdade que o cangaço proporcionava, agora com a presença das mulheres, propiciou certa humanização na relação dos cangaceiros e suas vítimas. Mas para um cangaceiro em especial, chamado de Zé Baiano, a relação com as mulheres sempre foi conflituosa. Ele era conhecido pela sua crueldade ao ferrar o rosto ou nádegas das mulheres com as suas iniciais, “JB”. Era um hábito macabro que ele usava para vingar o espancamento sofrido por sua mãe por policiais que queriam saber do seu paradeiro Esse cangaceiro também foi protagonista do mais violento drama passional que se tem notícia no cangaço. Zé Baiano levou Lídia, uma das mulheres mais bonitas a entrar no bando de Lampião, para viver com ele no grupo. Zé Baiano viajou por uns dias e Lídia aproveitou para encontrar-se com um cangaceiro chamado Beija Flor. Mas o casal foi flagrado pro outro cangaceiro chamado Coqueiro que ameaçou contar sobre a traição a Zé Baiano caso Lídia não fizesse sexo com ele. A cangaceira recusou a exigência e Coqueiro falou a Zé Baiano da traição da companheira. Ao romper do dia Zé baiano matou Lídia a cacetadas. Fraturara-lhe os braços e pernas com pauladas violentas e repetidas, por fim batera tanto na cabeça que esmagara-a, deixando a bela Lídia irreconhecível e, terminado o massacre, abrira uma cova enterrando-a Mas havia um drama que era comum a quase todas as mulheres cangaceiras: o fato de abdicar da maternidade ou dos filhos que tinham. As crianças não eram bem vindas no bando, pois faziam barulho e poderiam chamar a atenção da volante. Os filhos das cangaceiras sempre eram escondidos e criados por coiteiros ou parentes dos cangaceiros. * Juliana Almeida – Jornalista e doutoranda em Sociologia

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A presença de Narciso nas águas do Facebook (*Juliana Almeida)

Quem nunca ouviu falar no mito de Narciso e Eco? O caminho percorrido desde a cultura grega antiga até o século XXI trouxe uma atualização quase que orgânica desse mito, seja em aspectos sociais ou como parafrenias. A trágica história do belo homem, Narciso (tema narkhé = torpor, como em narcótico para nós) é uma importante representação da vaidade humana. Admirado com sua própria imagem em um lago, o jovem pensa trata-se de algum espírito das águas. Não se contendo, baixa o rosto para beijar o seu reflexo e mergulha os braços para abraçar-se, mas o contato com a água faz sua imagem sumir e ele se sente desprezado. Dessa forma, Narciso ficou dias a admirar sua própria imagem na fonte. Sem comer ou beber seu corpo definha. A beleza e o vigor deixaram-no e assim Narciso morreu. A história do mito se completa com a sombra de Narciso atravessando o rio Estige, em direção ao Hades, e ela ainda debruça-se sobre suas águas para contemplar sua figura. O mito de Narciso influenciou muitos artistas ao longo dos séculos. Nas artes plásticas, há pinturas de Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí e Waterhouse. Na literatura, encontram-se várias passagens na obra do russo Fiódor Dostoevsky e na a obra do escritor inglês Oscar Wilde - o romance ‘Retrato de Dorian Gray’ seria uma representação do homoerotismo retratado no narcisismo. Os estudos psicanalíticos do narcisismo tomaram verdadeiro impulso com Freud em seu artigo intitulado ‘Introdução ao Narcisismo’. As primeiras observações do ‘pai da psicanálise’ procuram identificar a origem do narcisismo como um investimento libidinal do ego. O sociólogo e historiador americano, Richard Sennett, observou que o narcisismo social se potencializa, na medida em que, as relações sociais encorajam o crescimento da valorização do 'eu' e anula o senso de contato social significativo fora dos seus limites. Na sociedade intimista os atores são mais importantes do que as ações, ou seja, o que é mais relevante não diz respeito ao que a pessoa fez, mas, como se sente a respeito do feito. Ele ainda destaca que esse narcisismo atua nas relações sociais porque há uma cultura privada de uma crença no público e que é orientada por um sentimento intimista como parâmetro de significação da realidade. Os ‘narcisos’ contemporâneos encontraram outras águas para navegar. O reflexo da imagem no lago deu lugar ao ecrã dos computadores, tablets, smartphones e tudo que possa incorporar a cultura do compartilhamento. Grandes sociólogos e historiadores já chamavam a atenção para o excesso de exposição da intimidade na vida pública muito antes da internet, desde o século XVIII, mas, certamente, a ‘era’ digital trouxe uma espécie de contágio viral da necessidade de se tornar diferente, se destacar. Claro que tudo está ligado a sociedade de consumo. O consumo e o narcisismo que revolucionam esferas cultuais e comportamentais, devem ser pensado não apenas como um espelhos da vaidade individual, mas como podem representar mudanças significativas nas relações sociais. Isso é um passo importante na percepção de como esse espectro pode interessar diretamente ao entendimento das sociabilidades contemporâneas. A possibilidade de ‘ver’ e ter ‘visibilidade’ pelas redes sociais digitais amplia significativamente comportamentos de diferenciação social e de referência. Assim como o culto ao corpo e o desenvolvimento de práticas narcísicas, a sociedade de consumo busca, incessantemente, estratégias para vender padrões de satisfação. O grande sociólogo e filósofo francês, Jean Baudrillard, traz uma interessantíssima discussão sobre o mito da felicidade e igualdade na sociedade contemporânea que acaba adquirindo uma característica particular ao ter que tornar-se mensurável. Dessa forma, a felicidade e o bem-estar são dimensionados pelos signos e objetos que possam ser vistos. Mesmo sendo uma necessidade individual, a felicidade se fundamenta em propósitos visíveis. O que toda essa discussão tem a ver com o Facebook? Tudo! Como uma grande vitrine, essa rede social – com seus mais de um bilhão de usuários no mundo - tem servido como um reflexo das manifestações narcísicas contemporâneas de contemplação física ou intelectual, além de reforçar estereótipos de beleza através da publicização do consumo material e simbólico. Não só na time line é possível fazer esse tipo de constatação, mas também nas fanpages que se proliferam com um número bastante significativo de seguidores. Páginas como: Fina e Rica; Bonita é você, EU SOU LINDA; Homens gostosos; As + gostosas do FACE apresentam milhares de ‘curtidas’ e reforçam o estereótipo de homens e mulheres magros, sarados, felizes e, acima de tudo, bem sucedidos. O desenvolvimento e popularização do Facebook estabeleceu um fenômeno de criação de ‘modas’ que potencializam a exploração da imagem na rede. Trata-se de duas formas de tirar foto para colocar na rede social: O selfie (um autorretrato onde, com o braço esticado para si, o usuário consegue tirar sua própria foto) e, mais recentemente, o braggie (fotos postadas na rede com a finalidade exibicionista para provocar inveja nos amigos e parentes.). Para se ter uma ideia da dimensão do braggie, foi feita uma pesquisa no Reino Unido e verificou-se que cerca de 5,4 milhões de usuários de redes sociais digitais no país postam esse tipo de foto, sejam elas tiradas em viagens, festas ou na intimidade. Um dado interessante é que sete em cada dez usuários da rede admitiram que manipulam as fotos antes de postá-las: 5% dos homens editam as imagens para parecerem mais magros, contra 2% das mulheres. Portanto, o braggie reforça o consumo e o exibicionismo como forma de distinção social. Ainda segundo a pesquisa as poses mais comuns do braggie são: praia (43%), com bebidas (12%) e os beicinhos para as lentes (3%). Esse caráter efêmero da sociedade contemporânea gera a chamada paixão consumptiva (um tipo de paixão que se extingue em sua própria intensidade) pelas coisas e traz uma força dramática já que o desejo é muito maior do que o sentimento de posse. Por exemplo, nosso desejo de determinada roupa pode ser ardente, mas alguns dias depois de comprá-la e usá-la, ela já não nos entusiasma tanto, ou seja, a imaginação é mais forte na expectativa. E assim as relações vão se construindo. É claro que nem todos os usuários da rede apresentam esse comportamento. Estamos falando de algo bastante recorrente e de total conhecimento de quem acessa cotidianamente o Facebook, por exemplo. Uma pesquisa feita por mim com estudantes universitários para a dissertação de mestrado mostrou que essa imagem pública mediatizada pelo Facebook traz um retorno de visibilidade. Cerca de 48% dos entrevistados disseram se incomodar quando os amigos do Facebook não curtem ou comentam suas fotos. Isso reflete uma necessidade de atenção, ou seja, como uma espécie de ‘vitrine’, o Facebook também é visto como um espelho de aprovação e popularidade. Portanto, no ambiente livre da internet é tolerável dizer aquela verdade que se pensa saber, assim como há possibilidade de expressar visões intolerantes; omitir o que se julga ser verdade e criar simulacros de si e das coisas. Nesse espaço o narcisismo e o consumo simbólico se potencializam para aceitação grupal ou são refutados, embora reconhecidos, como um estilo de vida contemporâneo. Qualquer um pode ser possuído pelo espírito de Narciso no lago virtual e tão presente da internet. Mas cuidado! Como bem disse Caetano Veloso, “Narciso acha feio o que não é espelho” e há sempre o risco de se afogar em sua própria vaidade. *Jornalista, mestre e doutoranda em Sociologia PPGS/UFS

A Voz do Brasil: 80 anos de uma tradição inventada (Juliana Almeida*)

No universo das minhas leituras, me deparo com um livro organizado por Eric Hobsbawm e Terence Ranger com o instigante título “A invenção das tradições”. O livro traz uma coletânea de textos de historiadores sobre diversas tradições que foram ‘inventadas’ no sentido de perpetuar alguns comportamentos através da repetição. Dá pra imaginar que o famoso saiote escocês, chamado de kilt e associado aos guerreiros antigos da cultura celta, na verdade surgiu de um passado forjado? Pois é, esse é um dos discursos que os pesquisadores acabaram desmistificando. Um longo assunto que trataremos em outra oportunidade. Mas, cruzando os trópicos, cá estamos nós em terras tupiniquins e eis que temos nossas tradições também inventadas para perpetuar – através da formalização institucional – determinadas práticas. Mas, se por tradição entendemos costumes, o que é então esta tradição inventada? Na introdução do livro, Hobsbawm se preocupa em contextualizar essas definições. A tradição como sinônimo de costume é criada de forma espontânea e acaba mudando com o passar do tempo, assim como às relações sociais, já as tradições ‘inventadas’ são nas palavras de Hobsbawm: “um conjunto de praticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado.” Ao ler tal definição me veio à mente a nossa famosa e quase muda Voz do Brasil. O mais antigo programa radiofônico brasileiro faz 80 anos no dia 22 de julho. Amado por alguns, odiado por outros tantos, o programa vem tentado sobreviver a uma enxurrada de ações para continuar no ar. A Advocacia Geral da União tem tido muito trabalho para reverter às ações de Norte a Sul do país pela flexibilidade no horário da transmissão. No dia 27 de janeiro de 2012, por exemplo, a AGU conseguiu cassar uma liminar que autorizava uma rádio no Rio de Grande do Sul a transmitir jogos de futebol no horário oficial do programa. Isso, menos de uma hora depois de a liminar ter sido obtida pela emissora. Outras emissoras têm sucesso, como a Rádio Bandeirantes de São Paulo, que transmite o programa de madrugada. A Voz do Brasil surgiu durante o regime de Getúlio Vargas - que não era bobo - e logo percebeu a influência, a abrangência e o interesse que o rádio despertava na sociedade – principalmente na população analfabeta que não tinha como ler os jornais. É bom lembrar que a televisão chegou ao Brasil em 1950 e até lá o rádio era o meio de comunicação que atingia, realmente, a massa. Assim como Hitler, Getúlio percebeu o potencial do rádio na propagação da ideologia do governo e investiu pesado, inclusive encampando várias emissoras nos anos 30. Primeiro teve o nome “Programa nacional”, em 1939, já com o Estado Novo, o programa foi rebatizado como “A hora do Brasil” e tornou-se transmissão obrigatória das emissoras. De lá para cá, mudou novamente de nome, mas manteve o horário e a obrigatoriedade além de invocar o nacionalismo romântico dos acordes da abertura da ópera “O guarani”, de Carlos Gomes. Nos últimos anos, o programa passou por mudanças, como a infeliz que profanou a música de Carlos Gomes no ritmo de axé, samba, choro e até forró, mas procurou tirar o ‘ar’ autoritário que sempre perseguiu as transmissões para um ‘ar’ mais cidadão com a participação de vários órgãos federais, um texto mais leve e reportagens especiais. Não há dúvidas que 'A Voz do Brasil' é uma aula técnica de radiojornalismo, mas o conteúdo precisa ter um caráter menos oficial (mesmo com as tentativas que são feitas) e, diante das mudanças proporcionadas pela evolução dos meios de comunicação, quem sabe a possibilidade de ter horário flexibilizado faça com que o ouvinte a ouça de forma espontânea, sem a carga dolorosa da obrigatoriedade. *Jornalista e doutoranda em Sociologia PPGS/UFS