domingo, 6 de março de 2016

Bertolt Brecht: de dramaturgo a profeta do Rádio

     Em 1932, o dramaturgo alemão Bertolt Brecht lançou um texto que se tornaria um marco histórico nos estudos sobre comunicação: ‘Teoria do Radio’. O rádio na Europa crescia como o principal meio de comunicação de massa e era amplamente utilizado para entretenimento, fins políticos e ideológicos... isso o indignava! Pensador marxista, Brecht logo percebe o poder de penetração e como o rádio podia ser um importante meio de revolução social.
      Parecia ser um profeta. Essa frase resume bem o que eu quero dizer: “Um homem que tem algo para dizer e não encontra ouvintes está em má situação. Mas estão em pior situação ainda os ouvintes que não encontram quem tenha algo para lhes dizer.” Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência! 
      Falamos muito se o rádio vai sobreviver à próxima revolução tecnológica, mas não pensamos muito na comunicação que fazemos hoje. E esse pensar não diz respeito a fazer estudos de caso sobre a programação, conteúdo, mas refletir sobre as práticas profissionais e os potenciais sociais que ‘só’ o rádio tem. Em pesquisa feita em 2014 pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), tive a grande alegria em ver que o rádio ainda é o meio de comunicação com maior credibilidade no Brasil. A TV tem maior alcance, mas o bom e velho rádio ainda dita as regras da comunicação confiável. Em uma escala de 1 a 10, o rádio conquistou a maior nota média entre os conceitos de avaliação de credibilidade (8,21), muito pouco à frente da internet (8,20), da TV (8,12), dos jornais (7,99), das revistas (7,79) e das redes sociais (7,74). 
      Temos o que comemorar? Infelizmente não... por que ainda não sabemos o que fazer com todo seu potencial revolucionário. Talvez Brecht tenha que voltar e desenhar sua teoria, porque o recado ainda não foi entendido. Comprovamos isso nesse período politico conturbado que o Brasil vive. Grande parte das emissoras presta um desserviço ao principio universal de que a sociedade tem direito à informação de qualidade. Quem diz isso não sou eu, mas a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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