Iniciando
às leituras sobre a Teoria da Complexidade de Edgar Morin, me deparo com uma
problematização sobre a ciência, objetividade, verificações empíricas, racionalização. Morin nos convida a pensar a complexidade além de um conceito inicial
pensado a partir da complicação, isto é, uma sinergia entre ação, interação,
retroação. A complexidade é bem mais profunda. Traz ambivalências do pensar,
problematizar, na medida em que, a objetividade é o elemento primeiro e
fundador da verdade e da validade das teorias científicas. Mas, mesmo essa
objetividade é fruto de um consenso sociocultural e histórico da comunidade
científica.
Ora,
se a objetividade científica é fruto de convenções socioculturais é perfeitamente
possível pensar a objetividade como fruto de uma subjetividade que não exclui o
espírito humano, o sujeito individual, a cultura, a sociedade. Morin descreve
as teorias como subjetivas-objetivas porque tratam de dados objetivos mas são
construções, sistemas de ideias que são aplicadas ao mundo real para detectar
as estruturas invisíveis, já que a ciência não se interessa pelo óbvio e sim
pelo oculto.
Morin
faz uma crítica ao abismo criado entre a ciência, com sua racionalidade
tecno-científica, e o humanismo. O autor defende o a necessidade das ciências
naturais e a sua importância social, bem como a conscientização das ciências
humanas, físicas e biológicas para entender a complexidade da realidade.
Ora, o problema da complexidade não é o de
estar completo, mas sim do incompleto do conhecimento. Num sentido, o
pensamento complexo tenta ter em linha de conta aquilo de que se desembaraçam,
excluindo, os tipos mutiladores de pensamento a que chamo simplificadores e,
portanto, ela luta não contra o incompleto mas sim contra a mutilação. Assim,
por exemplo, se tentarmos pensar o fato de que somos seres simultaneamente
físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente
que a complexidade reside no fato de se tentar. conceber a articulação, a
identidade e a diferença entre todos estes aspectos, enquanto o pensamento
simplificador ou separa estes diferentes aspectos ou os unifica através de uma
redução mutiladora. Portanto, nesse sentido, é evidente que a ambição da
complexidade é relatar articulações que são destruídas pelos cortes entre
disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de conhecimento. De
fato, a aspiração à complexidade tende para o conhecimento multidimensional.
Não se trata de dar todas as informações sobre um fenômeno estudado, mas de
respeitar as suas diversas dimensões; assim, como acabo de dizer, não devemos
esquecer que o homem é um ser bio-sociocultural e que os fenômenos sociais são,
simultaneamente, econômicos, culturais, psicológicos, etc. Dito isto, o pensamento
complexo, não deixando de aspirar à multidimensionalidade, comporta no seu
cerne um princípio de incompleto e de incerteza” (MORIN, 1994, p. 138).
Portanto,
a complexidade não trata-se da simplificação porque o conhecimento não é um
reflexo ou uma reprodução fiel da realidade, mas, é uma tradução seguida de uma
reconstrução que sofre influência de diversos fatores relacionados no tecido
social.
Referência
MORIN,
Edgar. O problema epistemológico da complexidade.
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