quarta-feira, 20 de junho de 2018

Teoria da Complexidade em Edgar Morin


Iniciando às leituras sobre a Teoria da Complexidade de Edgar Morin, me deparo com uma problematização sobre a ciência, objetividade, verificações empíricas, racionalização. Morin nos convida a pensar a complexidade além de um conceito inicial pensado a partir da complicação, isto é, uma sinergia entre ação, interação, retroação. A complexidade é bem mais profunda. Traz ambivalências do pensar, problematizar, na medida em que, a objetividade é o elemento primeiro e fundador da verdade e da validade das teorias científicas. Mas, mesmo essa objetividade é fruto de um consenso sociocultural e histórico da comunidade científica.
Ora, se a objetividade científica é fruto de convenções socioculturais é perfeitamente possível pensar a objetividade como fruto de uma subjetividade que não exclui o espírito humano, o sujeito individual, a cultura, a sociedade. Morin descreve as teorias como subjetivas-objetivas porque tratam de dados objetivos mas são construções, sistemas de ideias que são aplicadas ao mundo real para detectar as estruturas invisíveis, já que a ciência não se interessa pelo óbvio e sim pelo oculto.
Morin faz uma crítica ao abismo criado entre a ciência, com sua racionalidade tecno-científica, e o humanismo. O autor defende o a necessidade das ciências naturais e a sua importância social, bem como a conscientização das ciências humanas, físicas e biológicas para entender a complexidade  da realidade.
Ora, o problema da complexidade não é o de estar completo, mas sim do incompleto do conhecimento. Num sentido, o pensamento complexo tenta ter em linha de conta aquilo de que se desembaraçam, excluindo, os tipos mutiladores de pensamento a que chamo simplificadores e, portanto, ela luta não contra o incompleto mas sim contra a mutilação. Assim, por exemplo, se tentarmos pensar o fato de que somos seres simultaneamente físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é evidente que a complexidade reside no fato de se tentar. conceber a articulação, a identidade e a diferença entre todos estes aspectos, enquanto o pensamento simplificador ou separa estes diferentes aspectos ou os unifica através de uma redução mutiladora. Portanto, nesse sentido, é evidente que a ambição da complexidade é relatar articulações que são destruídas pelos cortes entre disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de conhecimento. De fato, a aspiração à complexidade tende para o conhecimento multidimensional. Não se trata de dar todas as informações sobre um fenômeno estudado, mas de respeitar as suas diversas dimensões; assim, como acabo de dizer, não devemos esquecer que o homem é um ser bio-sociocultural e que os fenômenos sociais são, simultaneamente, econômicos, culturais, psicológicos, etc. Dito isto, o pensamento complexo, não deixando de aspirar à multidimensionalidade, comporta no seu cerne um princípio de incompleto e de incerteza” (MORIN, 1994, p. 138).

Portanto, a complexidade não trata-se da simplificação porque o conhecimento não é um reflexo ou uma reprodução fiel da realidade, mas, é uma tradução seguida de uma reconstrução que sofre influência de diversos fatores relacionados no tecido social.

Referência
MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade.

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