segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Mixofobia: você sabe o que é isso?

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos não estava no script. Ele passou de um bonachão excêntrico, midiático para presidente da nação mais rica do mundo. O planeta inteiro tenta entender o presente com sua eleição e o futuro incerto sob o seu comando. Mas algo chama a atenção e que não é novo nos estudos sociológicos mas, merece uma importante reflexão: a mixofobia.
Não é de hoje que o estranho incomoda. Temos exemplos trágicos na história que comprovam isso... o nazismo foi prova viva do que estou falando. Depois de Segunda Guerra Mundial, o mundo procurou ser mais tolerante através, por exemplo, de tratados como a Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948 que estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
Vários discursos de Trump revelaram sua mixofobia, principalmente, com os latinos. Chegou a chamar os brasileiros de “porcos latinos” e que ia construir um muro na fronteira com o México e “os mexicanos iam pagar por ele”.  Isso assustou o mundo. O seu discurso foi escancarado.... e o pior de tudo, acolhido pelos eleitores americanos.
O sociólogo polonês Zigmunt Bauman trata com muita propriedade sobre à mixofobia e a mixofilia. Como as cidades e os próprios cidadãos, tão heterogêneos, convivem com multiculturalidade.  Em seu livro “Confiança e medo na cidade” ele traz os conflitos e a necessidade que temos de conviver com o estranho. “A mixofobia e mixofilia coexistem não apenas em cada cidade, mas também em cada cidadão. Trata-se, claramente de uma coexistência incomoda, mas, mesmo assim muito significativa”.
Em um mundo que se diz globalizado e hiperconectado não é possível pensar em barreiras de proteção, mesmo assim, conviver com o estranho é difícil. Precisamos ainda discutir questões de gênero, de raça e de religião em sociedades que se acham tão evoluídas. O fantasma dos ideais nazistas ainda ronda muitos lugares. O discurso de Trump apenas escancara o quanto o outro incomoda, mas, ironicamente, consumimos aquilo que o outro produz em várias partes do mundo. A lógica do capital é cruel.

No seu mais recente livro “Babel: entre a incerteza e a esperança”, Bauman nos alerta para o caminho perigoso que a sociedade contemporânea vem construindo “de maneira pendular, nós vamos da ânsia por mais liberdade à angústia por mais segurança”. Essa segurança pode ser entendida sob vários pontos de vista. Que a história não se repita.  

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